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Da vida, ninguém sabe o amanhã

“A vitória é como a lua refletida num lago: tentar agarrá-la, confiando excessivamente em sua própria sabedoria e força, significava quase sempre afogar-se nas águas e perder a vida.”


Miyamoto Musashi foi um espadachim, ronin e criador do estilo Niten Ichi Riten – estilo de luta com duas espadas. Nasceu na aldeia Miyamoto, província de Mimasaka – atualmente Japão. Musashi se chamava Shinmen Musashi No Kami Fujiwara No Genshin.


Musashi desmonstra o estilo Niten Ichi Riten/Gravura de ukiyo-e de Kuniyoshi (1846)

OS PRIMEIROS PASSOS

Através do pai, Shimen Munisai, e que também chama-se Munisai Hirata, recebeu as primeiras lições sobre a arte da esgrima – seu pai era um goushi, denominação para pequeno fidalgo rural.


Quando completou sete anos, Musashi fugiu de casa e foi morar com seu tio Dorin. Seu pai teve um ataque de fúria e ameaçou tirar sua vida. Aos 13 anos travou seu primeiro duelo contra um até então famoso espadachim e venceu.


Arima Kihei, espadachim que foi derrotado por Musashi, é do estilo Kashima Shinto-ryu – o estilo de Kihie foi fundado por Tsukaha Bokuden e é praticado até hoje por sacerdotes xintoístas.


Aos 15 anos deixou o vilarejo onde residia e trilhou o caminho de Shugyosha (guerreiro peregrino). Ao completar 17 anos entrou para o exército de Toyotomi Hideyoshi. No exército participou de um assalto na tentativa de tomar o Castelo Fushimi em julho de 1600 – e na defesa do Castelo Gifu, que estava sitiado no mesmo ano.


Segundo muitas pessoas e pesquisadores da vida de Musashi, ele haveria participado da Batalha de Sekigahara que resultou na consolidação do poder de Tokugawa Ieyasu – mas a única prova que existe de fato é um trecho onde, Musashi, em seu livro, “O Livro Dos Cinco Anéis”, revela ter participado.


AMADURECIMENTO


No ano de 1604, o espadachim chega à Kyoto com aproximadamente 22 anos. Em Kyoto, Musashi, derrotou os três herdeiros da Escola Yoshioka. As três vitórias resultaram na morte dos três sucessores da escola. Após a vitória, em 1605, Musashi deixa Kyoto e segue viagem por todo Japão – na época as denominações eram feitas por províncias – aperfeiçoando sua técnica com monges e através de duelos.


Ichijoji Sagarimatsu, local da batalha entre Musashi e a escola Yoshioka

Ichijoji Sagarimatsu, local da batalha entre Musashi e à escola Yoshioka


1612 tornou-se um marco na vida do espadachim. Travou um duelo contra Sasaki Kojiro – um famoso e habilidoso espadachim que utilizava o estilo Chujo-ryu, qual seu criador foi Kanemasi Jisai. Kojiro ficou conhecido por usar uma espada “Nodachi” ou Katana Longa. Musashi sabia que seu adversário era conhecedor de sua técnica, mas antes do duelo forjou um bastão de Bokken – normalmente usados para fazer espadas de madeira utilizadas em treinos –, e com apenas um só golpe no crânio de Kojiro, venceu à luta.


Duelo entre Musashi e Sasaki Kojirō.

Os clãs Tokugawa e Toyotomi, entre os anos 1614-1615, estavam em guerra. Descendentes de Tokugawa acreditavam que a família Toyotomi era uma grande ameaça para o Japão. Musashi ficou do lado dos Toyotomi. A batalha entre as famílias ocorreu no Castelo de Osaka, resultando no extermínio do exército do clã Toyotomi. No final, Musashi, conseguiu ser adotado pela família Tokugawa.


Candidatou-se para o serviço de Ogasawara Tanadao, na província de Harima. Ajudou na construção do Castelo de Akashi, ensinou artes marciais, aperfeiçoou a técnica de lançar Shuriken – lâminas de arremesso com mais de três pontas – e adotou um filho.


Em 1621 derrotou quatro adeptos de Togun-ryu na frente do lorde de Himeji. No ano seguinte, seu filho, tornou-se vassalo do domínio de Himeji – nesse período, Musashi, entrou em uma série de viagens por todo Japão e adotou seu segundo filho. No ano de 1626, o primeiro filho de Musashi comete “Seppuku” com a morte de seu lorde. Seppuku é um ritual suicida japonês – reservado somente para guerreiros – que consiste em tortura através de esventramento, abrindo a vítima e retirando seus órgãos internos.


Se estabeleceu em Kokura junto de seu segundo filho, em 1634. Ambos entraram para o serviço do daimyo Ogasawara Tanadase e participaram da Rebelião de Shimabara (1637-1638, Período Edo).


O FIM

“No mundo em contínua transição, Cinquenta anos e uma vida São meros sonho ou ilusão.”

Musashi retirou-se, em 1643, numa caverna conhecida como Reigando, – Caverna do Espírito da Rocha –, a oeste de Kumamoto. Durante esse período de reclusão, além de meditar, o espadachim dedicou-se a escrever seu famoso livro: “O Livro dos Cinco Anéis” – concluído em 1645. No mesmo ano, após entregar o manuscrito de seu livro, no décimo segundo dia do quinto mês (data japonesa), Musashi sentiu a aproximação da morte. Começou a desfazer-se de todos os seus bens e escreveu nesse mesmo dia o manuscrito Dokkodo, o Caminho do Andarilho Solitário, em que descreve 21 princípios de vida. Morreu em Kumamoto próximo do dia dezenove do quinto mês, segundo os registros japoneses da época.


Diversas Edições de "O Livro dos Cinco Anéis"

LENDA

Ao virar uma lenda, Musashi, teve sua vida expandida para os quadrinhos, cinema, televisão e literatura.


Musashi, o livro, foi publicado no Brasil pela editora Estação Liberdade, em 1999. O volume escrito por Eiji Yoshikawa, jornalista e escritor, trata-se dos fatos históricos ocorridos na vida do espadachim, mas Yoshikawa se desprende um pouco dos fatos e adiciona uma pitada de ficção. Mesclando romance e aventuras, nunca saindo da cronologia histórica – Batalha de Sekigahara, peregrinação, Academia Yoshioka e os duelos. Originalmente o livro foi publicado através de contos no jornal Asahi Shimban, entre 1935/1939. Sua narrativa possuí um estilo folhetinesco, possuindo dois volumes. Volume I contém os livros A Terra, A Água, O Fogo, O Vento (1ª parte) e o Volume II contém os livros O Vento (2ª parte), O Céu, As Duas Forças e A Harmonia Final – totalizando 1.812 páginas.






A biografia, O Samurai – A vida de Miyamoto Musashi, foi também publicada no Brasil e pela Editora Estação Liberdade.William Scott Wilson, autor do livro, baseia-se nos fatos históricos da vida do samurai. O livro possuí anexos de desenhos que o próprio Musashi cunhou.


Tekehiko Inoue, mangaká, começou a publicar a partir de 1998 o mangá Vagabond que aborda a vida de Musashi baseado no romance de Eiji Yoshikawa. No Japão, já são 37 volumes publicados desde 1998. No Brasil, foi publicado pelas editoras Conrad e Nova Sampa. Júlio Shimamoto, o nipo-brasileiro, descendente de samurais, publicou diversas histórias vividas por Musashi. Muitas delas foram compiladas em dois álbuns (Musashi e Musashi II) pela editora Opera Graphica e um (Samurai) pela Mythos Editora.


Agraciado pelo povo japonês, Musashi serviu de inspiração para filmes e séries de TV. O filme mais conhecido tem o ator Toshiro Mifune, como protagonista.

Filmografia

  • Miyamoto Musashi, realizado/dirigido por Kenji Mizoguchi (1944);

  • Miyamoto Musashi 1 - primeira parte da trilogia estrelada por Toshiro Mifune e realizada/dirigida por Hiroshi Inagaki (1954);

  • Miyamoto Musashi 2 - Zoku Miyamoto Musashi: Ichijôji no kettô (Morte no templo Ichijoji - 1955);

  • Miyamoto Musashi 3 - kanketsuhen: kettô Ganryûjima (Duelo na ilha Ganryu - 1956);

  • Miyamoto Musashi 1 - primeiro dos cinco filmes estrelados por Kinnosuke Nakamura (1932-1997), realizados/dirigidos por Tomu Uchida (1961);

  • Miyamoto Musashi 2 - Hannyazaka no ketto (1962);

  • Miyamoto Musashi 3 - Nitoryu kaigen (1963);

  • Miyamoto Musashi 4 - Ichijoji no ketto (1964);

  • Miyamoto Musashi 5 - Ganryû-jima no kettô (1965);

  • Miyamoto Musashi, realizado/dirigido por Tai Katō (1973).

Séries de TV

  • Sorekara no Musashi (1981), estrelado por Kitaoji Kinya;

  • Musashi, realizado pela rede NHK (2003), com Ichikawa "Ebizo" Shinnosuke.


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