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1/6. Dirty Old Man: Tudo começou como um erro

  • Rafael Ribeiro
  • 25 de jan. de 2017
  • 3 min de leitura

“Tudo começou com um erro. Era época de Natal e ouvi do bêbado lá da colina, que aplicava esse truque todo Natal, que eles contratariam qualquer desgraçado, então eu fui, e a próxima coisa que me lembro é de estar com essa sacola de couro sobre meus ombros, vagando à toa por aí. Que emprego, pensei. Moleza! Eles davam a você apenas um ou dois pacotes de cartas e se você desse um jeito de se livrar deles, o carteiro regular lhe daria outro pacote para carregar, ou talvez você voltasse lá para dentro e o panaca da seção lhe desse outro, mas, na maior parte das vezes, bastava fazer uma média, seguir no seu ritmo, ir empurrando os tais cartões de Natal pelos buracos das caixas de correspondência.”


Charles Bukowski/Foto: Internet

1950

  • 31 de Janeiro: presidente Harry S. Truman anuncia o desenvolvimento da bomba de hidrogênio;

  • 1 de Março: o cientista, Klaus Fuchs, foi preso na Grã Bretanha. Condenado a 14 anos de prisão por passar segredos atômicos para União Soviética;

  • 25 de Junho: Tropas norte-coreanas cruzam o Paralelo 38°N e invadem a Coréia do Sul iniciando a Guerra da Coréia.

Enquanto o presidente Truman anunciava o desenvolvimento da bomba de hidrogênio; o cientista Klaus Fuchs era condenado a prisão e a Córeia iniciava uma Guerra, Charles Bukowski candidatava-se para vaga temporária nos correios.

Dentre esses diversos acontecimentos na década de 50, a candidatura de Bukowski para os correios tornou-se um marco para literatura. Primeiro pela experiência e vivência que obteve durante o período que passou nos correios, e segundo porque foi desse período que surgiu o primeiro romance do escritor teuto-estadunidense.


Bukowski sempre foi um homem de altos e baixos na vida. Ficou uma década sem escrever uma palavra sequer. Entrou em uma bebedeira que durou de 1940 até 1950. No fim dos anos 1950, teve um colapso físico que acarretou sangramento pelo reto e quase morreu.


Trabalhou durante 14 anos para os Correios dos Estados Unidos, Los Angeles. Juntando toda a experiência obtida e os acontecimentos do período, Bukowski, tinha a matéria prima para escrever Cartas na Rua.


Em 1965 o escritor recebeu uma ligação de John Martin que lhe fez uma oferta. Pagaria 100 dólares por mês pelo resto da vida do escritor para ele escrever em tempo integral para Editora Black Sparrow. Bukowski aceitou a oferta.


John Martin. Foto: Kurt Rogers/San Francisco Chronicle/Polaris.

Na época Bukowski era um escritor iniciante. Escrevia alguns contos e poemas e que eram publicados em livretos de, no máximo, 10 páginas.


O editor da Black Sparrow disse para o escritor que romances vendiam mais que poemas e contos. Então sugeriu para que Bukowski começasse um romance. Quatro semanas depois, Bukowski, retorna para John Martin:


“Já está pronto, venha pegar.” “O quê?” “Meu romance.” “Você escreveu um romance desde a última vez que nos vimos?” “Sim.” “Como isso é possível?” “O medo pode fazer muitas coisas”


O romance que acabava de ser finalizado era Cartas Na Rua. Publicado em 1971, pela editora Black Sparrow, é o marco inicial para o Velho Safado.


Cartas Na Rua (1971)/Foto: Internet

O livro retrata o tempo que Bukowski trabalhou nos correios. Um emprego diário e que o escritor devia manter-se sóbrio o máximo possível. Uma rotina maçante como entregador de cartas – ainda mais para um homem de meia-idade sempre de ressaca. E assim nasce o alter ego do escritor: Henry Chinaski.


“Então fiz o exame, passei, fiz o exame físico, passei, e lá estava eu: um carteiro em estágio probatório. O começo foi fácil. Mandaram-me para o Posto de West Avon e foi exatamente como o Natal, só que não consegui uma trepada. Todo dia eu esperava por uma foda, mas nada acontecia. O supervisor era gente fina e eu me poupava, fazendo uma entrega aqui e outra ali. Eu nem sequer usava uniforme, só um quepe. Vestia minhas roupas de sempre. Também, do jeito que minha parceira Betty e eu bebíamos, dificilmente sobrava dinheiro para roupas.”


Esse foi o estopim para Bukowski, que após a publicação de Cartas Na Rua surgiu outros seis romances aclamados:

  • Factótum (1975);

  • Mulheres (1978);

  • Misto Quente (1982);

  • Hot Water Music (1983);

  • Hollywood (1989);

  • Pulp (1994).










Fontes:

Vice (Site)

Cartas Na Rua (Livro) Wikipédia (Site)

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